A última coisa que queremos é limitar o blog para apenas a Filosofia do Dao (Tao) e experiências marciais, o que queremos de fato é mostrar como o ideal de harmonização e união das pessoas estão presentes em todas as sociedades, e é uma de nossas maiores virtudes (a qual infelizmente estamos perdendo).
Portanto nos ajude, toda vivência coletiva é uma representação fidedigna do Universo.
Em alguns textos do Blog foi preferível adotar os termos em chinês através do sistema ortográfico Pin Yin.

QI GONG




Qi Gong significa “trabalhar o ar vital” ou “cultivar o ar vital”, nesse caso se refere à energia interior, a energia vital. Então, Qi Gong envolve técnicas que ajudam a percepção, absorção e condução dessa energia que se encontra fora e dentro de nós.

Estes exercícios existem independentemente do Taiji Quan, e remontam aos rituais e práticas xamânicas taoistas, portanto sua existência é milenar e vem sendo utilizados ao longo do tempo passando por variações, segundo cada contexto histórico, porém preservando sua essência.

Para os Mestres taoistas todas as manifestações do Universo, sejam elas visíveis ou invisíveis são formadas pelo Qi. Através da eterna mutação e fluir das energias Yin e Yang, o Qi da forma a todas as coisas e perpassa todo o Universo.

Para estabelecer uma conexão entre o homem, o Céu (Yang) e a Terra (Yin), e assim alcançar a harmonia necessária para o desenvolvimento físico e espiritual, segundo o modo de vida taoista, deve-se atentar para a Natureza e procurar o máximo seguir o seu ritmo. Buscando harmonizar a energia vital (Yin e Yang) dentro de si em conjunto com o Universo, foram desenvolvidos métodos, estáticos e dinâmicos, de manipulação dessa energia. A partir disso percebe-se que o Qi Gong faz parte do retorno ao Vazio (Wuji), tão almejado pela Filosofia do Tao, e participa intensamente de todo o processo de progressão do espírito (Jing, Chi e Shen; do refinamento das consciências Física, Energética – Energia Vital: formada pela Energia Ancestral, Energia Pré-natal e a Energia Pós-natal – e Espiritual) porquanto vai corrigindo o fluxo energético de dentro para fora até encontrar a harmonia necessária para uma consciência espiritual mais avançada.

Atrelado ao Taiji Quan e outras artes marciais, o Qi Gong ajuda a fortalecer o corpo como um todo, pois conta, como foi dito anteriormente, com exercícios estáticos e dinâmicos, além de estimular a coordenação, a consciência corporal, o ritmo cardiovascular e a sensibilidade frente a situações de combate, por exemplo. Mais importante ainda, é tomar consciência do Qi e aprender a movê-lo e transformá-lo, de maneira a aplicá-lo em combate (transformando-o assim em Jing Qi ou “poder interno”), ou para a cura de enfermidades.

O desenvolvimento do Taiji Quan não se deu despregado do Qi Gong, portanto praticar o Taiji sem paralelamente treinar o Qi Gong resultará em benefícios pífios, ou no mínimo em uma prática vazia. Oriundos de uma mesma fonte, que é o taoísmo, as duas práticas agregam vários estilos, porém o Qi Gong pode ser praticado por si só, mas o Taiji Quan não pode ser praticado sem o Qi Gong, pois a própria série de encadeamento do Taiji só faz sentido com a devida mentalização e trabalho interno dos quais falam os clássicos textos taoistas.

A partir disso fica claro que o Qi Gong é essencial para uma prática efetiva do Taiji Quan, algumas escolas de Taiji praticam até hoje determinados exercícios de cultivo do ar vital que acabaram ficando como característica do estilo em questão, outros exercícios de Qi Gong são praticados por diversos estilos diferentes, como é o caso do Zhan Zhuang. Para se ter uma idéia da imensa variedade de técnicas de Qi Gong, na China, atualmente, existem mais de 10000 técnicas dessa arte.