O termo Dao Yin (Tao
Yin) pode ser traduzido como “conduzir” e “absorver”, algo como “conduzir a
energia que é assimilada”, ou ainda “conduzir a energia”. A palavra designa
práticas de meditação que visam o desbloqueio dos canais energéticos e
meridianos que percorrem todo o corpo, e ainda podem vir associadas a
movimentos suaves de braços e pernas, exercitando, assim, a mente e o corpo
como um todo (Yin e Yang).
A proposta de tais
exercícios vem da própria filosofia ancestral chinesa, mais especificamente do
conceito de Wu Wei (Não-Ação), e tem como prática a “espontaneidade” através da
“ação”.
De acordo com os
clássicos escritos taoístas, do Vazio (Wuji) nasce a Suprema Unidade (Taiji) e
dela a Diferenciação Primordial (Yin e o Yang), e daí surgem Os Dez Mil Seres
(as Infinitas manifestações do Universo). Ainda segundo a visão chinesa, o ser
humano é uma dessas manifestações e por isso mesmo um microuniverso, e para
encontrar a harmonia com o Universo (macrouniverso, macrocosmo) devemos seguir
seus ritmos. Seja através da observação minuciosa da Natureza dentro e fora de
si, seja pela contemplação Iluminada, os antigos Mestres Taoístas Ascencionados
conceberam como método eficaz para adentrar o ritmo do Universo a meditação. Ou
seja, através da meditação (estática ou em movimento) podemos perceber,
conduzir e transformar essa energia que existe no Macrocosmo e portanto em nós
(enquanto manifestações diretas do Universo), e a partir daí realizar o retorno
ao Vazio (Wuji).
Com esse nível de
consciência nós não estaremos mais nos movendo pela vontade do ego, mas sim
pela própria Vacuidade Universal, teremos entrado na mesma freqüência do
Universo (ou como diz o Mestre Carlos Gomes, na “freqüência do Tai Chi”).
Sairemos desta freqüência egóica, individualista e material, para uma mais
refinada, coletiva e espiritual. Estaremos agindo pela Não-Ação (Wu Wei). É
esse um dos objetivos do Dao Yin.
Portanto, não são
apenas as técnicas mãos, pés e respiração que compõem o Dao Yin, mas sim toda
uma cosmovisão, uma forma de enxergar e agir no cotidiano, trata-se da mais
profunda filosofa chinesa aplicada à física corporal e mental (além de muitas
outras áreas da sociedade). Todos os movimentos do Taiji Quan, Qi Gong e outros
exercícios devem ser apreendidos dentro do contexto do Dao Yin, pois os mesmos
são diretamente influenciados por esse conceito, desde posturas mais simples
até o trabalho alquímico mais complexo e sutil.